Julgando o contexto dos outros

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Se por acaso, alguma vez, você julgou o contexto agrícola e pecuário dos outros, antes do final deste texto você já vai entender a “moral desta história”.

A gente se atrapalha na hora de priorizar os nossos desafios!
De: Ronaldo Setti

Caro leitor,

É impressionante…! Algumas vezes  fazemos do jeito certo… mas, sem perceber, fazemos do jeito certo a “coisa” errada.

Outro dia, atravessando a rua em frente a uma loja agropecuária, uma pessoa, com um rolo de papel embaixo do braço e uma peça de irrigação em uma das mãos, reconheceu-me como sendo lá da “EMBRAPA”…

Realmente a fisionomia não me era estranha… Essa pessoa cumprimentou-me, e, educadamente, caminhando ao meu lado, pediu a minha opinião… Ela queria uma orientação sobre a compra de canos e equipamentos para seu projeto de irrigação.

Nossa…! Chega a dar um frio na barriga quando alguém te aborda dessa forma…

É complexo você acertar uma resposta sem conhecer nenhum detalhe específico do contexto agropecuário sobre o qual está sendo questionado.

De repente, quando já estávamos quase do outro lado da rua desabou um “aguaceiro”… Foi uma chuva forte, daquelas que rapidinho afoga a palmilha da botina e refresca a sola do pé.

Por alguma razão intuitiva corremos de volta para dentro da loja agropecuária…

Naquele instante já havia muita gente na porta se protegendo da chuva e atrapalhando a nossa veloz e triunfal entrada.

Estávamos encharcados dos pés até às cabeças semigrisalhas… E, ao entrar na loja, quando pisei firme no tapete, escorreguei feio, mas não caí.

Resumindo o contexto agrícola e pecuário:

A chuva estragou bastante aquele rolo de papel que a pessoa carregava embaixo do braço…

Dentro da loja ficamos próximos de uns fardos de feno, amarelados, e tivemos um tempinho de conversa até a chuva estiar…

Poxa vida…!

Agora, nesse exato momento em que escrevo, “me deu um branco” em relação ao nome da pessoa com o rolo de papel todo estragado embaixo do braço, mas lembro que ele tirou do bolso uma lista de compras bem grande para o seu projeto de irrigação (canos, emendas, bombas estacionárias, aspersores, válvulas de final de linha, mangote para sucção, registros de esfera e de rosca, temporizador, válvulas solenoides e muito mais…).

Por certo ele estava convencido a fazer um investimento bem significativo na compra daqueles equipamentos de irrigação…

Explicou-me detalhadamente tudo sobre como faria a instalação dos equipamentos.

Sem saber exatamente o que dizer, quando perguntei sobre reservatórios para armazenamento de água e sobre o volume de água nos períodos sem chuva ele respondeu que nessa condição o volume de água era sempre muito baixo e que ele não tinha nenhum reservatório para armazenar a água para irrigação.

Caramba…!
Como a gente se atrapalha na hora de priorizar os nossos desafios!

Se na época crítica não tem água disponível, então para que investir em equipamentos de irrigação?

Depois, se você quiser, sugiro que também leia este outro texto: “Não é para quem está despreparado”


Na agricultura e pecuária é conveniente termos certa cautela…

Algumas vezes nos iludimos: somos eficientes, mas não somos eficazes… Fazemos do jeito certo a “coisa” errada… E quanto mais consertamos a “coisa” errada, mais errada a “coisa” vai ficando.

No caso desse, aliás, no caso de qualquer projeto de irrigação, a decisão certa seria, e sempre é, primeiro interpretar o contexto real, para antes de tudo planejar e executar a construção de um reservatório e, só depois de estabelecida a viabilidade de construção e operacionalidade do reservatório, dimensionar o projeto para a compra dos equipamentos de irrigação…


Dito isso…

Ele concordou balançando a cabeça e me olhou com um jeitão de quem diz: “É óbvio! Como eu não pensei nisso antes?!” Não são unicamente os canos e os equipamentos de irrigação que vão salvar a lavoura, é necessário ter água disponível para irrigar…

Depois de dizer um “Até logo”, já na calçada, do lado de fora da loja agropecuária, ele me perguntou: “Setti, aonde você vai”?

Respondi: “Vou até à oficina mecânica”… Meu carro está com um barulho estranho na dianteira e como já tive este problema antes, agendei para trocar a junta homocinética…

Ele perguntou: “Tem certeza que é a homocinética…? Que carro que é?”.

Quando disse o modelo do carro, já a alguns passos de distância, ele me sugeriu, falando em voz alta: “Não fala nada para o mecânico sobre homocinética, pede para o mecânico verificar se tem vazamento nos reparos da direção hidráulica… Nesse modelo de carro a direção hidráulica costuma fazer um barulho bem parecido ao barulho que se ouve quando estraga a junta homocinética… Verifica isso”, disse ele… E eu respondi: “Muito obrigado…! Vou fazer isso…!”.

Cheguei à oficina e, “dito e feito”, era a tal borrachinha do reparo da direção hidráulica que estava deixando vazar o óleo… O barulho igual ao da homocinética era a falta de óleo no hidráulico da direção.


Caramba…!

Como a gente se atrapalha na hora de priorizar os nossos desafios!

Economizei, no mínimo, uns R$ 800,00 (Oitocentos reais)…

Evitei trocar sem necessidade a junta homocinética e, segundo o mecânico, mais uns dias e eu teria que trocar não só o reparo, mas sim comprar uma caixa de direção hidráulica completa +/- R$ 2,100.00 (Dois mil e cem reais !).

Imagine a cena, também fiquei com aquele jeitão de quem diz: “É óbvio! Como não pensei nisso antes? Era só abrir o capô e verificar o vazamento!”.

Certamente, interpretar o contexto ajuda a encontrar possíveis falhas na maneira como organizamos o nosso pensamento.

Pensar na agricultura e na pecuária de forma contextualizada ajuda a encontrar rachaduras nas estruturas e impulsiona o desenvolvimento de qualquer projeto agrícola e pecuário, pessoal e profissional.


Fiquei pensando NISSO…:

Tudo é muito interessante, temos grande capacidade para julgar o contexto dos outros, mas não tão grande capacidade para priorizar a resolução dos nossos próprios desafios.

Por isso, pode ser uma grande vantagem trocar ideias e aceitar a sugestão de outras pessoas.

Às vezes, uma única sugestão pode mudar 100% o futuro do seu projeto.

Se você ainda não faz, talvez, a partir de agora, seja interessante você fazer alguma ação a respeito desse assunto.

Pense nisso…:

Em síntese, o começo de uma grande mudança positiva pode ser bem simples, pode simplesmente depender de conversar com outras pessoas, ou então, encontrar e fazer a leitura de um bom material de apoio.

Até mais…

Fique bem… Siga em Paz…!!!

Sobre o autor

Ronaldo Setti

Eu não vim aqui para dizer que eu avisei! Mas eu avisei!

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Ronaldo Setti

Eu não vim aqui para dizer que eu avisei! Mas eu avisei!

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